As memórias que armazenamos ao longo dos anos, em variados registos, acabam por vezes perdidas, tanto fisicamente quanto na lembrança. Segundo Halbwachs a memória não tem somente uma dimensão individual. É preciso que haja um mínimo de concordância entre as lembranças dos indivíduos para que elas possam-se complementar, formando um património comum de recordações. A memória tem, portanto, um caráter relacional, formando-se na interação entre os indivíduos. Rodrigo Vila utiliza uma versão de uma caixa de peepshow onde podemos observar imagens antigas de pessoas e lugares sobrepostas, como uma amalgama de memórias que vão tornando-se mais ou menos nítidas. Memórias encerradas numa caixa, no seu próprio universo, em que no momento que voltam a ser observadas ganham nova dimensão e projeção mesmo que os lugares e indivíduos não tenham uma ligação direta com o observador. Essa observação conjunta, que cria pontos de ligação entre os vários observadores, gera uma nova recordação. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 2006.